segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Novo Presidente do Irã.

 Hassan Rouhani: toma posse o novo rosto "moderado" à frente do Irã.


Hassan Fereydoon Rouhani, de 64 anos, foi eleito presidente do Irã em junho deste ano ─ o único clérigo a concorrer à presidência. Seu slogan de campanha era "moderação e sabedoria".
Rohani recebe a posse das mãos do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Jamenei, neste sábado, e prestará seu juramento diante do Parlamento no domingo. Segundo veículos estatais, mais de 100 chefes de Governo e de Estado já confirmaram presença, como representantes do Paquistão, Afeganistão, Armênia, Tajiquistão e de países latino-americanos. Suas promessas de reforma, de trabalhar para aliviar sanções, de ajudar a libertar prisioneiros políticos, de garantir os direitos civis e um retorno da "dignidade para a nação" atraíram multidões enquanto ele realizava seus comícios. Os debates televisivos também lhe serviram como plataforma para criticar a direção escolhida pelo Irã em assuntos polêmicos, como a indiferença em relação a seu programa nuclear, as sanções internacionais, o estado precário da economia e o extremo isolamento do Irã na comunidade internacional. Suas críticas ressoaram em muitos eleitores. O apoio dos ex-presidentes Mohammad Khatami e Hashemi Rafsanjani ajudaram a assegurar a  vitória de Rouhani e elevaram as expectativas sobre como será seu governo. No pleito, o reformista teve 50,7% dos votos, levando a eleição ainda no primeiro turno. A confirmação de Rouhani pelo Conselho dos Guardiães da Constituição, um corpo formado por 12 membros que decide quais candidatos seriam elegíveis, foi igualmente acirrada.

'Sheik diplomata'


Hossein Mousavian, um ex-diplomata iraniano que atuou na equipe de negociação nuclear comandada por Rouhani, acredita que ele faz jus a seu apelido – 'sheik diplomata' – em alusão à sua reputação como chefe de negociação do programa nuclear do Irã. "Ele tem um ótimo senso de humor", afirmou Mousavian à BBC. "Ele vem de uma linha completamente moderada e centrista. Ele sempre tentou unificar o país". Alguns, entretanto, ainda não se convenceram do projeto de poder de Rouhani. Seyed Mojtaba Vahedi é um deles. Ele é um ex-conselheiro de Mehdi Karroubi, um dos candidatos reformistas nas eleições de 2009 que cumpre pena em domicílio por criticar o resultado do pleito.
"Não acredito que ele seja um moderado; ele é muito próximo dos chamados 'linha-dura'", afirmou Vahedi. "Ele é próximo do Khamenei (líder supremo do Irã). Rouhani não conseguirá solucionar o problema relativo à questão nuclear. Ninguém pode fazer nada sem a permissão do líder supremo."

Negociador.


Hassan Rouhani tornou-se uma figura importante na vida política do Irã desde a revolução de 1979 que transformou o país em uma república islâmica.

Durante a Guerra Irã-Iraque, ele também teve um papel crucial. Rouhani já ocupou vários cargos parlamentares, incluindo o de vice-porta-voz. O novo presidente do Irã também já serviu o Conselho Supremo de Segurança Nacional, cujo objetivo é preservar a Revolução Islâmica e assegurar a soberania do país. Até sua eleição, Rouhani passou por importantes postos de segurança e da política, tornando-se uma figura influente no processo de tomada de decisão do Irã em temas delicados, como a segurança nacional e a política externa. O ex-chanceler britânico Jack Straw lembra-se de tê-lo encontrado quando Rouhani ainda era negociador-chefe do programa nuclear iraniano e diz ter ficado com uma boa impressão dele. "Rouhani foi cortês, engajado, muito honesto e sempre sorrindo", afirmou Straw à BBC.
"Ele era muito bem informado e parecia ter a confiança da liderança iraniana", acrescentou o ex-chanceler. O líder supremo do Irã demonstrou repetidamente insatisfação com o que ele considerava ser uma abordagem conciliatória durante as negociações. Naquela ocasião, o Irã estava negociando com os governos britânico, alemão e francês e terminou concordando a suspender o programa de enriquecimento de urânio e a permitir maiores inspeções da ONU em suas usinas nucleares. "Rouhani estava claramente ansioso para chegar a um acordo sobre o longevo conflito entre o Irã e o Ocidente", afirmou Straw. A interrupção durou até a primeira semana de Mahmoud Ahmadinejad no poder, quando Rouhani foi substituído por um de seus maiores críticos, Ali Larijani, que acabou se desentendo com o próprio Ahmadinejad dois anos depois. Rouhani, por outro lado, era um crítico voraz de seu agora antecessor, afirmando que as declarações pouco cuidadosas e calculadas de Ahmadinejad custaram muito ao país.

Desafio 


Líder supremo do país, o aiatolá Khamenei deu o aceite à vitória de Rouhani.
Durante a campanha presidencial, Rouhani criticou duramente a reação policial ante a uma manifestação de estudantes pró-reforma em 1999. No entanto, tal atitude contrastava com a própria crítica que ele havia feito dos mesmos estudantes naquela ocasião ─ o que levou muitos dissidentes a permanecerem céticos em relação às suas credenciais reformistas. Rouhani descreveu o resultado das eleições presidenciais como uma "vitória da moderação sobre o extremismo". Seu sucesso deveu-se parcialmente a outro candidato reformista, Mohammad Reza Aref, que desistiu da corrida a favor de Rouhani depois que correligionários pediram a ambos que formassem uma coalizão. Nos dias anteriores à sua posse, Rouhani ficou mergulhado em conversas intensas com o líder supremo sobre as indicações para compor seus ministérios. Fontes reformistas dizem que Rouhani não pôde indicar alguns de seus próprios nomes para postos-chave – um sinal de que dias duros virão para um presidente que representa mudança e reforma. Eles afirmam que membros da chamada "linha-dura" inicialmente deram as boas-vindas à "escolha do público", mas nas semanas anteriores à posse de Rouhani, alertaram-no para evitar qualquer associação com os dissidentes envolvidos nas manifestações de 2009, quando milhares de iranianos foram às ruas protestar contra uma suposta fraude nas eleições. Apesar de reformista, o moderado Rouhani vem se mantendo cuidadosamente distante de tudo o que possa prejudicar o início do seu mandato. Ele diz que não haverá "soluções do dia para noite" para o país, uma vez que o Irã possui "muitos problemas".






Por: Marcio Eli Pereira 
Na Bolsa 01.
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